Entrega de 282 netbooks garante mais de um
computador por aluno em escola da Capital
Cada professor também receberá um certificado de conclusão do curso de
formação
Vanessa Beltrame
Há um ano,
a Escola Estadual de Ensino Fundamental Aurélio Reis, no bairro Jardim
Floresta, em Porto Alegre, não tinha muro. Era cercada por uma desgastada tela
de arame.
Tampouco
tinha placas indicativas, ou uma fachada apresentável. Ainda assim, surpreendia
os visitantes que, ao atravessarem a frente deteriorada, encontravam o
devotamento da comunidade escolar para construir uma referência em educação.
Amanhã, no
pátio cercado pelo sonhado muro concreto de 2m50cm de altura, a escola receberá
282 netbooks do governo do Estado. Com isso, passará a ter mais de um
computador portátil para cada um dos cerca de 200 alunos — divididos em 14
turmas — e 35 professores.
Em março
do ano passado, o governador Tarso Genro esteve na escola e declarou que ela
deveria servir como referência para os outros colégios gaúchos. Não há sinais
de vandalismo em classes e paredes, o refeitório serve quatro refeições por
dia, a biblioteca é lúdica e muito bem conservada, assim como a horta, a quadra
de esportes e as salas de aula.
Sob a
batuta da diretora Nássara Pires Scheck, um mutirão de pais, alunos e
professores reformou o colégio há cerca de seis anos e a união de forças deu à
comunidade um sentimento de ligação com a escola. Faltava apenas informatizar o
colégio.
Então, em
setembro de 2010, ainda no governo anterior, Nássara assinou o convênio do
Projeto Escola Digital. No início do ano seguinte, recebeu 40 netbooks, que até
hoje eram utilizados em um sistema de rodízio entre as turmas no laboratório de
informática. A partir de agora, o revezamento não é mais necessário e cada
professor da Aurélio Reis está capacitado a instruir seus pupilos.
Na
cerimônia simbólica de entrega dos computadores, cada professor também receberá
um certificado de conclusão do curso de formação. Desde o ano passado, eles
recebem treinamento mensal para utilizar os equipamentos de uma empresa
contratada pelo governo atual.
Segundo o
secretário de Educação, Jose Clovis de Azevedo, o projeto Escola Digital mudou
de nome e agora se chama Província de São Pedro, para dar importância à
articulação da cultura regional com a modernização.
— A gente
entende que a tecnologia não pode passar por cima das raízes culturais de cada
região, de cada povo, de cada nação. As coisas precisam estar linkadas —
explica.
Os
computadores chegaram com atraso, de acordo com Azevedo, porque a empresa que
ganhou a licitação teve a filial indonésia atingida por um desastre natural e
não pôde entregar os equipamentos no tempo hábil.
Escolas de
Aceguá e Bagé já trabalham com computadores fornecidos pelo projeto, que
realiza a próxima etapa em Santana do Livramento. Depois, o programa será implementado
em Quaraí, Jaguarão, Uruguaiana e na Região Metropolitana, em áreas que
desenvolvem o Programa Territórios de Paz. O objetivo é atingir todo o Estado
gradativamente.
Respeito
da comunidade ao patrimônio público
Todos os
computadores foram comprados com recursos públicos, e o colégio tem internet
wireless em todos os cômodos. A escola funciona no turno integral, com oficinas
de judô, capoeira, dança, letramento, ciências e informática para 125 alunos.
Fica aberta também aos sábados e domingos.
— Ninguém
estraga nada e nunca houve furtos. A comunidade respeita a escola, porque sabe
que este ambiente também é dela — conta Nássara.
Os
estudantes fazem coro à diretora. Cristielle Caurio, 14 anos, aluna do 8º ano,
elogia o ensino na escola. Ela chegou ao colégio neste ano, vinda de outra
instituição estadual, onde o acesso à informática era precário:
— Me
surpreendi quando comecei a estudar aqui. Os alunos se respeitam e respeitam o
ambiente escolar.
Agora que
Nássara já pleiteou a reforma, o muro e os computadores, a briga será por uma
internet mais veloz:
— Temos
uma rede de dois mega. Com tantos computadores, vai ficar difícil de trabalhar
— brinca a diretora.
ZERO HORA
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